top of page

O bejoquêro



Só fico pensando como deve ser bom seu beijo, só

fico pensando. Não digo nada... só fico pensando e sendo

assim já estou condenado! A sentença é o desejo e o resto,

o resto. Recolha-se o meliante! Quem ousou autorizar seu

pensamento? Quem assinou o documento? Foi lavrado e

averbado presencialmente em cartório de notação?, com

firma reconhecida e taxas devidamente recolhidas ao erário

público e com riqueza de narrativa?

Um beijo, ou melhor um desejo de beijar aqueles

lábios carnudos, sensuais, certamente saborosos que sua

dona faz questão de expor sem pudores, sabendo que é

desejada. Matéria muito complexa. Sem solução à vista.

Fica aí perdido aquele que só pensou, como deve ser

gostoso seu beijo, seu cheiro, seu amor...

A vida muda e o antagonismo permanece, cíclico,

destruído e recomeçado, por desaviso e mudança de

pessoas com memórias do passado. Claro, são outras e

depois mais outras, reencarnadas em novas almas e novas

impressões digitais.



Esta nota conto-desconto-delirante, sei lá o que, é dedicado a um

personagem dos anos sessenta, apelidado de bejoquêro pelo fato de beijar

todas as celebridades de qualquer setor. Furava a segurança e cordões de

isolamento e tascava um seu beijo nelas!

Naturalmente apanhava e era arrastado e algemado pela polícia, para sua

felicidade em ter conseguido seu intento.

Comments


bottom of page