O bejoquêro
- Nelson Angelo
- 9 de abr.
- 1 min de leitura

Só fico pensando como deve ser bom seu beijo, só
fico pensando. Não digo nada... só fico pensando e sendo
assim já estou condenado! A sentença é o desejo e o resto,
o resto. Recolha-se o meliante! Quem ousou autorizar seu
pensamento? Quem assinou o documento? Foi lavrado e
averbado presencialmente em cartório de notação?, com
firma reconhecida e taxas devidamente recolhidas ao erário
público e com riqueza de narrativa?
Um beijo, ou melhor um desejo de beijar aqueles
lábios carnudos, sensuais, certamente saborosos que sua
dona faz questão de expor sem pudores, sabendo que é
desejada. Matéria muito complexa. Sem solução à vista.
Fica aí perdido aquele que só pensou, como deve ser
gostoso seu beijo, seu cheiro, seu amor...
A vida muda e o antagonismo permanece, cíclico,
destruído e recomeçado, por desaviso e mudança de
pessoas com memórias do passado. Claro, são outras e
depois mais outras, reencarnadas em novas almas e novas
impressões digitais.
Esta nota conto-desconto-delirante, sei lá o que, é dedicado a um
personagem dos anos sessenta, apelidado de bejoquêro pelo fato de beijar
todas as celebridades de qualquer setor. Furava a segurança e cordões de
isolamento e tascava um seu beijo nelas!
Naturalmente apanhava e era arrastado e algemado pela polícia, para sua
felicidade em ter conseguido seu intento.
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